Meus amigos e minhas amigas,
alguns assuntos que vem dominando as rodas de conversas, debates e pautas de
jornais e outras mídias, demonstram de forma clara o lamaçal existente no fundo
do poço do nosso sistema educacional e sintetizam a falência absoluta da
cultura do nosso país.
Ao ver um jovem protestar pelo
direito de “dar um rolezinho” organizado pelas redes sociais com dezenas, ou
centenas, de outros jovens que não quer apenas se sentir integrado, mas, sim
tornarem-se fortes por estar em grupos e assim se eximirem de cumprir as regras
dos locais onde esses encontros acontecem, geralmente, shoppings, podemos ver a
que ponto chegou nossa sociedade. Assim como o funk carioca, o qual pode
receber qualquer denominação, menos ser chamado de música, pois a essência de
uma música é ser feita por musicistas, pessoas que dedicam boa parte de suas
vidas ao estudo dessa nobre arte e não por seres que se aproveitam da falta de
cultura de uma geração que prefere fotos “selfie” a um bom livro, para ganhar
alguns trocados, em parcos casos, alguns graúdos, vendendo baixarias,
sexualidade e ilusões de uma riqueza fugaz.
É óbvio que não sou contra os
jovens se reunirem ou quererem “curtir” a vida, o X dessa questão é algo muito
mais profundo.
Não é á toa que tais
manifestações emergem, em sua maioria, das periferias, pois é lá onde as
carências são maiores e os descasos mais evidentes. Um empobrecimento cultural
que alimenta uma rotina de pouco acesso ao lazer, escolas abandonadas pelo
governo e depredadas pelos alunos, professores e outros profissionais da
educação desvalorizados e desmotivados, crianças que sabem beber, fumar e fazer
sexo, mas, não sabem qual o nome da capital do país, crianças de várias idades
que têm o “hábito” de depreciar a importância da educação para o futuro, pois a
falta de tudo fomenta seus imediatismos e os faz manter-se em sua zona de
conforto da irresponsabilidade e do papel de vitima do “sistema”. Junte tudo
isso e o resultado é o que vemos por aí.
Assim como os “rolezinhos” e o
funk carioca, o global BBB que empobrece ainda mais a programação da TV há
catorze anos, pode ser considerado um prato pronto dessa receita elaborada para
satisfazer “paladares” pouco exigentes.
O que me deixa intrigado é que
alguns podem dizer, “ah, mas tudo isso é só entretenimento”! Pode até ser, mas
quem decretou que para entreter é preciso ser tão pobre de qualidade? Será que
a criatividade do ser humano mingua-se ao ponto de ter que apelar para os
nossos instintos mais primitivos, como o sexo, para que possamos produzir algo
que nos distraia e nos divirta nos momentos de relaxamento e ócio? E quem disse
que entretenimento não afeta os rumos de uma sociedade? Assim como jogos violentos
motivam jovens americanos a cometerem chacinas em escolas, a banalização do
sexo reflete na falta de compromisso de jovens brasileiros com o respeito ao
espaço e gosto alheios, obrigando, por vezes a todos escutarem os lixos que
saem de seus celulares.
Mas, como disse antes, a esses
jovens cabe a menor parcela dessa culpa.
A culpa maior é minha, é sua, é
de todos nós que não temos mais tempo de educar, que lutamos pela aprovação da
lei que não permite dar palmadas em crianças, que não refletimos melhor sobre
alguns pontos do Estatuto da Criança e do Adolescente, como a maioridade penal,
por exemplo, que não acompanhamos o dia a dia das escolas, que não valorizamos
os professores, dos professores que não se valorizam, da polícia que não
consegue policiar por falta de estrutura e salários irrisórios, por nos atermos
a jogar a culpa nos políticos, que também têm sim sua parcela, mas não toda, por
permitimos que nossas crianças passem mais tempo na internet que conosco, por
comodismo mútuo e por que, a cada dia, nós deixamos que os valores fundamentais
da família sumam junto com a educação de nossas crianças.
É, a culpa é minha e sua também.
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